21 de jan. de 2019

Resenha: O Conto da Aia


Título: O Conto da Aia
Autora: Margaret Atwood
Editora: Rocco
Número de Páginas: 368
Nota (0 a 5): 4

Quando o planeta está destruído por radiação, poluição, doenças, degradação e os humanos ameaçados em extinção, por causa da infertilidade, a comunidade busca alternativas para tentar se recuperar. Foi assim que surgiu Gilead, uma sociedade constituída por um grupo de religiosos denominados “Filhos de Jacó” que aplicou um Golpe no Governo a tomando para si. Novas leis foram criadas a partir de conceitos bíblicos do Antigo Testamento. Entretanto, apesar da boa vontade em tentar recuperar a humanidade, a minoria eram beneficiados. 


O conto da Aia é uma distopia narrada em primeira pessoa sob o ponto de vista de Offred, uma Aia de Gilead, sociedade que nos tempos anteriores era conhecida como América. Ser uma Aia implicava dizer que a mulher fértil seria designada a uma família a prestar o serviço de “útero com pernas”, utilizando a passagem bíblica de Gênesis 30:

“Vendo Raquel que não dava filhos a Jacó, teve inveja de sua irmã, e disse a Jacó: Dá-me filhos, se não morro”.
Então se acendeu a ira de Jacó contra Raquel, e disse: Estou eu no lugar de Deus, que te impediu o fruto de teu ventre?
E ela disse: Eis aqui minha serva Bila; coabita com ela, para que dê à luz sobre meus joelhos, e eu assim receba filhos por ela.” Logo, a Esposa estava sempre presente durante a cerimônia — estupro.

Entretanto, ser uma Aia também significava que ela era apenas um instrumento e este sacrifício era tido como uma purificação divina, pois antes não eram mulheres respeitadas, ou seja, todas as pessoas que não eram casadas oficialmente pela doutrina de Gilead. Baseado neste conceito, relacionamentos fora da doutrina e mulheres solteiras férteis eram vítimas desta nova sociedade. Isso, sem mencionar o que eles consideravam aberrações: homossexuais, feministas, religiosos, professores, advogados e intelectuais. A maioria eram mortos e expostos no “muro” para servir de exemplo.

Durante a narrativa conhecemos melhor como a sociedade foi construída, por meio de punições severas e “salvamentos” — penas de morte — conhecemos o dia-a-dia de Offred e como ela tenta lidar com a situação, onde perdeu os seus direitos, sua própria identidade e seu corpo. E ainda, conhecemos também um pouco da Offred anterior, quando foi capturada ao tentar fugir com a sua família e como foi o seu treinamento para se tornar Aia.

Não é um livro fácil de ser digerido, principalmente no momento da justificativa para o estupro e o ato logo a seguir. É preciso ler com calma e paciência, pois há muitas repetições em algumas situações e pensamentos da protagonista, tornando a leitura cansativa, porém, creio que a autora queria fortalecer a vulnerabilidade diante dos absurdos. Não espere por personagens resistentes prontos para lutarem por uma sociedade mais justa, pois este livro não se trata disso. É um livro brutal, que nos faz pensar e repensar. É um livro em que vemos o lado humano passivo, aqueles que temem pela sua vida e acabam sendo condicionados a aceitarem o sistema.

OBS: Assisti a série na Paramount logo após terminar o livro. Algumas situações e ações não ocorrem no livro e a personalidade da protagonista, antes tão passiva como no livro, vai mudando conforme o desencadeado de ações. Entretanto, todo o contexto da sociedade e muitas passagens do livro são encontrados na série e o mais interessantes é vermos esse universo estendido. Particularmente, eu gostei muito mais da adaptação. Recomendo que leiam e assistam.

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CantinhodaAmiga

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