Título: O Conto da Aia
Autora: Margaret Atwood
Editora: Rocco
Número de Páginas: 368
Nota (0 a 5): 4
Quando
o planeta está destruído por radiação, poluição, doenças, degradação e os
humanos ameaçados em extinção, por causa da infertilidade, a comunidade busca
alternativas para tentar se recuperar. Foi assim que surgiu Gilead, uma
sociedade constituída por um grupo de religiosos denominados “Filhos de Jacó” que
aplicou um Golpe no Governo a tomando para si. Novas leis foram criadas a
partir de conceitos bíblicos do Antigo Testamento. Entretanto, apesar da boa
vontade em tentar recuperar a humanidade, a minoria eram beneficiados.
O
conto da Aia é uma distopia narrada em primeira pessoa sob o ponto de vista de
Offred, uma Aia de Gilead, sociedade que nos tempos anteriores era conhecida
como América. Ser uma Aia implicava dizer que a mulher fértil seria designada a
uma família a prestar o serviço de “útero com pernas”, utilizando a passagem bíblica
de Gênesis 30:
“Vendo
Raquel que não dava filhos a Jacó, teve inveja de sua irmã, e disse a Jacó:
Dá-me filhos, se não morro”.
Então
se acendeu a ira de Jacó contra Raquel, e disse: Estou eu no lugar de Deus, que
te impediu o fruto de teu ventre?
E ela
disse: Eis aqui minha serva Bila; coabita com ela, para que dê à luz sobre meus
joelhos, e eu assim receba filhos por ela.” Logo, a Esposa estava sempre presente
durante a cerimônia — estupro.
Entretanto,
ser uma Aia também significava que ela era apenas um instrumento e este
sacrifício era tido como uma purificação divina, pois antes não eram mulheres
respeitadas, ou seja, todas as pessoas que não eram casadas oficialmente pela
doutrina de Gilead. Baseado neste conceito, relacionamentos fora da doutrina e
mulheres solteiras férteis eram vítimas desta nova sociedade. Isso, sem
mencionar o que eles consideravam aberrações: homossexuais, feministas,
religiosos, professores, advogados e intelectuais. A maioria eram mortos e
expostos no “muro” para servir de exemplo.
Durante
a narrativa conhecemos melhor como a sociedade foi construída, por meio de
punições severas e “salvamentos” — penas de morte — conhecemos o dia-a-dia de Offred
e como ela tenta lidar com a situação, onde perdeu os seus direitos, sua
própria identidade e seu corpo. E ainda, conhecemos também um pouco da Offred
anterior, quando foi capturada ao tentar fugir com a sua família e como foi o
seu treinamento para se tornar Aia.
Não é
um livro fácil de ser digerido, principalmente no momento da justificativa para
o estupro e o ato logo a seguir. É preciso ler com calma e paciência, pois há
muitas repetições em algumas situações e pensamentos da protagonista, tornando
a leitura cansativa, porém, creio que a autora queria fortalecer a vulnerabilidade
diante dos absurdos. Não espere por personagens resistentes prontos para
lutarem por uma sociedade mais justa, pois este livro não se trata disso. É um
livro brutal, que nos faz pensar e repensar. É um livro em que vemos o lado
humano passivo, aqueles que temem pela sua vida e acabam sendo condicionados a
aceitarem o sistema.
OBS: Assisti
a série na Paramount logo após terminar o livro. Algumas situações e ações não
ocorrem no livro e a personalidade da protagonista, antes tão passiva como no
livro, vai mudando conforme o desencadeado de ações. Entretanto, todo o
contexto da sociedade e muitas passagens do livro são encontrados na série e o
mais interessantes é vermos esse universo estendido. Particularmente, eu gostei
muito mais da adaptação. Recomendo que leiam e assistam.

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